REFLEXOS - PROLOGO

REFLEXOS

Escrito por Daianne Novaes (dainovac)

Revisão por Diana Novaes (Itsdih)

PRÓLOGO

Ele estava agachado no telhado de uma das estreitas ruas, observando a garota que andava logo abaixo. Ele estava em seu encalço a semanas.
Depois de se certificar de que aqueles olhos violetas não eram lentes de contato, ele só precisou esperar o momento certo para apanha-la. Esperava que estivesse certo, mas só podia ter certeza se chegasse perto o suficiente.
Agora a menina se direcionava ao final da ruela, ela sempre passava por aquele local as quintas feiras, mas aquele dia era especialmente chuvoso, o que fazia a ruela deserta e perfeita para a intervenção dele. Quando a menina chegou à metade do caminho ele se preparou.
Puxou a adaga pendurada em seu quadril. - Já devia estar acostumado com isso - pensou quando suas mãos tremeram levemente, afinal já era a 17º garota de olhos violeta que ele checava, mas o pensamento de aquela ser a garota certa e ele ter que mata-la o aterrorizava.
Mas logo o rosto de Sara preencheu sua mente, aquilo era por ela. Tudo era por ela. Ele não podia dar para trás a essa altura.  Ele só acabaria morto e deixaria Sara sozinha, se a pouca vida que a restava durasse o suficiente isso.
Se aquela fosse mais uma garota errada Dwayne apagaria sua memória e eles teriam de recomeçar da estaca zero. Agora se fosse a certa e ela já soubesse dos próprios poderes ele precisaria mais do que aquela adaga. Mas era por isso que Dwayne estava ali.
Dwayne era uma mestiça de Adh Shide e Pixie, por isso ela podia adquirir a forma que desejasse, neste momento ela estava em sua forma pixie. Medindo 13 centímetros, com dentes afiados, pele pálida e raquíticas asas negras. Não era nenhum pouco parecida com as adoráveis fadinhas dos desenhos humanos. As vezes ele pensava nela como um mosquito irritante, é claro que ele não externalizava tal pensamento.
Em sua forma Adh Shide, Dwayne era extremamente perigosa e mortal. Além disso, ela tinha uma personalidade sádica e horrenda. Ele nunca confiou nela, mas trabalhar nisso juntos era a única opção que tinha.
Puxou uma respiração profunda.
Por Sara, pensou novamente.
Quis fechar os olhos, mas não podia.
Estava na hora.
“Pronta?” sussurrou para a pixie.
“Claro, mas faça as honras.”
“Nós podemos fazer isso sem matar a garota do coração, você sabe.”
A pixie estreitou os olhos, se deleitando com algum pensamento maniaco. “E qual seria a graça disso?”, sua fina voz soou estranhamente sinistra.
Ele revirou os olhos, suspirou e pulou do telhado caindo em pé bem em frente a garota, que pulou assustada e, por alguns segundos, permaneceu parada vislumbrando o perfil esguio e cabelos escuros dele. Ele soube exatamente quando os olhos da garota se direcionaram à adaga em sua mão. Os olhos violetas tremeram em medo e ela jogou sua bolsa ao chão, certamente o confundindo com um assaltante.
Seria melhor para ela que ele fosse um, mas não era o caso.
Ao primeiro sinal de que a garota viraria e fugiria, Dwayne fez sua parte e imobilizou a garota, isso era um sinal de que ela não conhecia ou não tinha os poderes. Ele guardou a adaga e caminhou até a menina, Dwayne ainda não estava a vista.
O corpo da menina estava totalmente parado, sem qualquer sinal de estremecimento, mas suas pupilas tremiam e suor escorria por sua testa, a pixie deixou a menina consciente, mesmo quando poderia minimizar o sofrimento da garota. Típico.
Os punhos dele se apertaram, odiava aquilo, odiava o que precisou se tornar.
Dwayne finalmente fez sua aparição, e na forma Adh Sidhe. Para um homem humano aquela forma era praticamente irresistível, a pele pálida agora recobria um corpo cheio de curvas perigosas envolto pelo longo véu de seu cabelo negro. Mas ele conhecia a verdadeira maldade daquela criatura, talvez da primeira vez ele tenha sido afetado, mas não mais.
A Adh Sidhe fez questão de passar em frente a menina mostrando um sorriso cheio de dentes pontiagudos. Uma lágrima escorreu do rosto de sua vitima e Dwayne fez um som de contentamento.
“Você não precisa fazer isso assim, dessa forma…” ele não pode conter as palavras. Mas logo quis sugalas de volta. Dwayne só levaria aquilo como um desafio e tornaria tudo ainda mais cruel.
A adh sidhe caminhou lentamente ao lado da menina passando suas unhas longas pelo cabelo claro da garota e revelando o pescoço esguio dela. Suas longas unhas deixaram marcas vermelhas por sobre a pele da vitima.
Agora era hora da verdade. Depois disso ele saberia se aquela seria a pessoa que ele mataria pelo bem de Sara.
A criatura abriu sua mandíbula e cravou os dentes afiados no pescoço da garota, ela só precisava de uma pequena prova para dizer se aquela era ‘A Garota certa’, uma gota de sangue já bastava, mas esse não era o estilo de Dwayne.
Ele cruzou os braços tentando esconder o incomodo com impaciência.
“Não é nosso dia de sorte, não é a garota.” A adh sidhe miou com o rosto ainda colado ao pescoço da vitima.
Ele quase suspirou aliviado, mas como poderia? Cada dia em que eles não tinham sucesso era um dia a menos para Sara.
“Só apague a memoria dela e vamos embora daqui.”
“Nós sempre podemos nos divertir com essa aqui” a criatura brincou com os cabelos da menina.
Ele fechou o cenho em uma carranca. “Esse não é o combinado! Vamos, faça o seu trabalho. Você não pode deixar a memoria da garota intacta depois do que deixou ela ver. E não vamos mata-la sem necessidade!”
Dwayne caminhou rápido até estar de frente com o garoto. “Ou eu posso matar ambos.” ameaçou.
Ele estreitou os olhos, não tinha mais medo dela. “Vocês ainda precisam de mim, ou você acha que seu contratante vai ficar feliz em perder seu espião humano?”
A criatura estreitou seus olhos com raiva. Virando e indo até a garota, fez um gesto com a mão em direção a menina. O horrendo corte no pescoço da vitima desapareceu, restando apenas alguns fios de sangue. E a garota caiu inconsciente no chão úmido.
Sem mais uma palavra, Dwayne voltou a sua forma pixie e foi até uma poça com água o suficiente para formar um reflexo e criar um portal, passando por através da água.
Ele foi atrás dela sem exitar e pulou no reflexo turvo, deixando a ruela e a pobre garota para trás.